top of page

O que sua irritação está querendo de dizer?


A gente vive se irritando...

E tem horas que a irritação é tanta que, de uma simples irritação, passamos a sentir raiva e com raiva ficamos extremamente reativos, reclamando, xingando e brigando com todo mundo e com a vida....


Não é fácil de administrar a raiva.

Não é fácil nem mesmo reconhecer que essa coisa ruim (raiva) “nos pegou”. Afinal, queremos ser “do bem” e “pessoas ‘do bem’ não se irritam”...

Claro que se irritam!

E irritar-se não tem nada a ver com ser do bem ou do mal.

Tem a ver com ser humano.


Mesmo quando parece que essa irritação veio "do nada", tem sempre alguma ou algumas causas internas que já estavam ali sinalizando e provavelmente, para continuarmos sendo “do bem” fingimos que aquilo não existe, negligenciando.


O grau de irritação que sentimos com algo, apenas indica o quanto estamos longe do nosso ideal em determinado assunto, ou mesmo o quanto já tentamos sufocar ou abafar ou ignorar algo, que, quando não resolvido de fato, mais cedo ou mais tarde vai explodir.


Por exemplo: imagine uma pessoa que busca um tempo com ela, em silêncio, sem interferências externas, sem qualquer barulho, sem qualquer voz, sem buzina ou plim do celular.... Busca isso de diversas formas, sem conseguir, vai fingindo que isso não é tão importante, vai deixando passar, e a necessidade vai crescendo, até que num determinado momento, se uma agulha cair no chão, será o suficiente para desencadear uma irritação e uma explosão até desproporcional à queda da agulha, mas certamente proporcional ao tempo que negligenciou esse chamado.


“Ahhh, que raivaaaaa!”


No momento da raiva, temos por hábito nos julgar e até nos culpar ("que feio e errado sentir isso!") e também, o mais comum, é culpar e brigar com o mundo pela raiva que sentimos, como se o mundo precisasse funcionar da SUA forma ideal para nos atender nas nossas necessidades, como se as pessoas existissem para não nos incomodar.


Em nome da nossa intenção - sempre positiva - de resolver nosso incômodo e nos protegermos, o que muitas vezes fazemos é justamente o contrário daquilo que queremos: quero tanto o silêncio que vou berrar com o outro! Quero tanto ter paz que vou sair brigando com todo mundo. Estou tão na falta de paz e de silêncio que tudo o que eu consigo produzir e atrair é o que eu já tenho em mim: barulho e briga!


Ter consciência que temos muitos movimentos internos é essencial. Saber identificar que são movimentos internos nossos, e conseguir nomear alguns deles é a maior ajuda que podemos nos dar, para tentar resolver essas questões de forma produtiva. OK, identifiquei a minha parte no problema, mas e agora? O que exatamente eu preciso fazer para resolver ou minimizar os impactos disso?


Relembre que é humano.

Que faz parte da natureza humana sentir e identificar e fazer gestão das suas emoções. Vamos sentir, e disso não tem como fugir. Então que tal olharmos ainda mais para dentro e perceber a raiva - e as outras emoções 'negativas' - como sinais claros de que alguma necessidade em nós está precisando de atenção, está em falta, precisando de cuidados?


No exemplo do silêncio: "Quero tanto meu espaço e o meu silêncio, que quando não tenho, eu fico irritado." Se não fosse esse incômodo, manifestado através da irritação, talvez deixaríamos passar batido mais vezes os nossos desejos e preferências, ignorando o que nossa alma nos pede, com carinho.


Quando bate a raiva é porque já tentamos diversas vezes fazer nossa voz interna calar-se, a ponto de, neste momento o deixar passar não ser mais algo negociável, precisa ser lidado, e precisa ser agora. O que era um desejo apenas, tornou-se uma necessidade.


Quero tanto receber carinho, que quando eu não tenho, eu sinto raiva e brigo. Quero tanto me sentir importante, que quando eu não me sinto, eu surto e tento fazer com que os outros se sintam menos importantes.


Quando estamos abastecidos (de silêncio, de carinho, de cuidados, seja qual for o nosso objetivo) nossa reação é muito natural e agradável: nenhum barulho externo, nenhuma pessoa, nenhuma situação vai nos incomodar ou nos tirar da nossa paz. Mas quando estamos na falta, na necessidade, todo e qualquer barulho não dá conta de suprir o buraco que se tornou. E até mesmo o próprio silêncio quando finalmente chega, não é tão calmo e tão pacífico quanto imaginávamos, porque começam a surgir então os questionamentos e situações que evitamos lidar, por tanto tempo.


Quando identificamos que o que sentimos é nosso (produção própria), somos capazes de buscar em nós mesmos as origens das nossas necessidades, e supri-las, gradualmente. Podermos nos oferecer mais daquilo que estamos em falta. Podemos nos dar aquilo que tanto precisamos. Podemos nos dar aquele alimento adequado que fará o estômago daquela necessidade saciar e acalmar. A barriga só continua roncando quando damos o alimento errado para aquela necessidade.


Quando nos acolhemos na nossa humanidade, quando olhamos para nós mais do que olhamos para os outros, quando aprendemos a identificar nossas emoções e reações, quando nos damos as mãos, automaticamente aprendemos a ser mais gentis e negociar com as pessoas e com o mundo. Com a fome sob controle, conseguimos viver melhor com nós mesmos e quase que como mágica, o mundo reflete isso de volta.


Sem mais esperar que os outros façam por nós o que nós podemos (e devemos) fazer por nós, estamos confrontando as nossas sombras e medos e abrindo lindos caminhos de iluminação. Os outros podem ajudar, quando quiserem, se quiserem. Mas não existe obrigação, independente se é pai, mãe, cônjuge, amigo, irmão... Ninguém é obrigado a nada. Você não é. O outro também não.


Ajuda não é obrigação. Cuidado não é obrigação.


Senão não é ajuda, é mais uma necessidade sua pedindo socorro.


E se for isso, seja gentil com você. Se cuide. Bem cuidados oferecemos ainda mais e melhores partes de nós para o mundo... que, naturalmente, retribui. 🌹




Paula Castro

Quem eu sou?

Desde criança tenho o hábito apreciar a vida em todas as suas manifestações: sejam elas do ambiente (como as flores), sejam elas da natureza humana (uma lágrima, um olhar, o bater do coração). Interessada por muitos aspectos da vida, me formei em Administração de Empresas. Dediquei grande parte da minha carreira profissional aos trabalhos administrativos mais burocráticos, mas sempre dando um jeitinho de colocar um toque especial meu (leve e divertido), um algo a mais que eu sentisse que faria diferença pra mim e pro mundo. Aos poucos a vida me convidou a contribuir de formas ainda mais completas e generosas: lidando com temas mais profundos e desafiadores, que por um bom tempo eu preferi evitar. E foi aceitando os pequenos e grandes desafios de forma leve, que comecei a encarar o maior de todos os mistérios: o autoconhecimento com amor. É quando nos acolhemos de verdade que damos início a um lindo processo de cura. De si e, por consequência, dos outros. "Quem eu sou?" é a pergunta que continuo me fazendo o tempo todo... Agora me conta: quem você é?

Posts Em Destaque
Posts Recentes
Arquivo
Procurar por tags
Siga
  • Facebook Basic Square
  • Twitter Basic Square
  • Google+ Basic Square
bottom of page