A beleza de ser um eterno aprendiz
Quem nunca parou para observar crianças e bebês e notar o tanto de evolução que eles fazem em tão pouco tempo? Progressos em todos os sentidos (físico, cognitivo, emocional, sensorial, social, etc). Nós adultos ficamos encantados os sons, olhares, movimentos, com a forma que se viram pela conquista de cada passo.
Pra eles, tudo é novo e interessante, e sobra energia para curtir e aproveitar tanta coisa!
Roxos pelo corpo, ralados, nariz escorrendo, sono, água da piscina gelada: nada disso é motivo suficiente para que desistam do que querem, e curtam os avanços.
É impressionante o foco que eles têm no objetivo e o olhar, que nós damos nome de "inocência", poderíamos tranquilamente chamar de "coragem": se arriscam, e continuam em frente apesar dos obstáculos.
As crianças têm sede e fome de vida!
Sentem medo, mas não permitem que os medos sejam maiores do que a determinação da conquista. Quantos adultos cansam de “argumentar” com uma criança e desistem dos próprio objetivo, enquanto a criança continua lá, determinada, focada, só querendo driblar as dificuldades (incluindo o adulto). Nesses casos, nenhum argumento será capaz de os convencer de desistir da ideia. Até se abrem para negociações, sem perder o objetivo de vista.
Já nós adultos, em geral, somos mestres em criar obstáculos: pra nós, pra elas, pro mundo, pra empresa, pra vida, pros relacionamentos, pra dieta, pra cuidar da saúde (física e emocional), pra visitar pessoas queridas, etc... Observamos o difícil, falamos do difícil, imaginamos o difícil, vivemos o difícil e, não contentes, fazemos questão de contaminar os outros ao nosso redor com essa mesma energia.
Os nossos medos existem para nos auxiliar em nossas ponderações e podem ser grandes aliados das melhores decisões. O problema está quando nos super identificamos com os medos e obstáculos, quando nos encantamos com os nossos pensamentos e vamos tão longe neles que esquecemos de voltar, esquecemos do que desejávamos, esquecemos do objetivo principal e agora nosso objetivo parece ser só alimentar medos (e continuar nos ‘protegendo do mal’).
Na intenção de pouparmos nossas crianças e nós mesmos de hipotéticas dores extremas, viramos especialistas em ser do contra, e invalidar os nossos desejos e o dos outros também.
Vivemos dando força para o tamanho dos obstáculos ao invés do tamanho da nossa força em superá-los. E muitos de nós, para por aí. E fica por toda uma vida parado. Já as crianças, fazem dos desafios oportunidades de ouvirem ainda mais a própria voz interna, que continua os incentivando a seguir em frente. E se ouve tão mais alto do que qualquer ruído externo, que continua em frente! E cada vez mais consciente de suas habilidades e força.
Crianças e bebês são mestres em ouvir o coração, vivem de forma plena o momento presente sem permitir que qualquer preocupação roube sua felicidade. Curtem. Caem. Levantam. Se arriscam. Erram. Aprendem. Se o medo de cair fosse maior do que o desejo e conquista do desconhecido, os bebês jamais engatinhariam ou caminhariam: ficariam parados, travados, assustados, a mercê de tudo e de todos, sendo coadjuvante da própria história, sem que se permitisse descobrir por si suas forças e talentos.
E nós?
O quanto da nossa "criança corajosa" permitimos se manifestar?
E o quanto deixamos de viver, caminhar e curtir a vida, pelo simples medo de cair?!