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Nem sempre temos mais a agradecer do que reclamar




A vida hoje acontece de forma tão rápida, que a velocidade com que os problemas chegam é infinitamente maior do que nossa habilidade de dar conta de resolver, e por hábito, o que fazemos é reclamar, e pronto.


Quem nunca se sentiu aliviado depois de um xingamento bem gostoso, em alto e bom som?


Como isso alivia a pressão absurda que sentimos!... Mas será que estamos escolhendo a melhor forma de despressurizar?


Xingar alivia, porque tira um pouco do veneno que produzimos pelo stress, mas xingar demais nos deixa azedos e ainda mais envenenados.

Reclamar tira a tensão em excesso, mas reclamar demais aumenta ainda mais o nervosismo e a irritação com a vida.

Reclamamos com a intenção de nos sentirmos melhores, e se o objetivo é esse, porque quando estamos transtornados de tanto reclamar, continuamos reclamando? Por que insistimos em fazer da mesma forma, mesmo tendo resultados diferentes do que buscamos?


A dinâmica é assim:

- Surge um problema – reclamamos – brigamos com a gente – brigamos com as pessoas envolvidas – brigamos com pessoas que envolvemos – espalhamos o problema em rede social - para não perder a viagem, xingamos alguns dos nossos “desafetos” - exigimos que as pessoas resolvam os problemas para nós – depois só queremos estar certos e brigar mesmo – brigamos não mais pelo problema de origem, mas por um mundo de outros tantos problemas – e ainda somos capazes de criar novos durante essas crises – aí lembramos do problema original e retomamos esse ciclo (ou espiral).


Ninguém vai tirar a gente desse surto, por mais que a gente esperneie.

Ninguém vai vir e nos salvar ou resolver nossas insatisfações.

Ninguém vai mandar fazer por nós o que a vida está enviando para nós resolvermos.

Ou lidamos para resolver, ou continuaremos empacados, cada vez mais burros (irracionais) e tóxicos (nos auto envenenando e quem está por perto).


O problema já existe, já está ali.

Reclamar demais só faz o problema parecer maior e nós parecermos menores e mais impotentes para resolvê-los. Nem sempre a solução vem da forma que pensamos ou desejamos. Às vezes é bem o oposto: pode aparecer de uma forma que nem imaginávamos resolver e, sim (sem surpresas), não é só o outro precisa ceder: se quisermos sair do conflito e resolver, teremos que aprender a flexibilizar.


Só saímos do lugar (evoluímos) fazendo coisas novas, e não mais do mesmo.


Se reclamar mais não resolve, quem sabe tentando agradecer?


“Ah, não me venha com esse papo furado! Ninguém agradece problema.”


De fato, problema é problema e não precisamos fingir que são lindos e bem-vindos, sendo que não é o que de fato sentimos. Não é o problema que podemos agradecer, mas sim a oportunidade que esse desafio traz com ele.


Todo incômodo que sentimos são convites da vida a sairmos da inércia quebrando velhas formas de pensar e agir.

É pelo desconforto que nos mexemos para poder sair da mesmice.

É quando somos incentivados a abrir os olhos e enxergar que existem inúmeras formas das coisas acontecerem. Que a vida nos cutuca (de mil maneiras) todos os dias não para nos fazer mais manhosos, mas para enxergarmos que podemos muito mais do que estamos fazendo (e ninguém faz mais se não for desafiado).


As dores esfregam na nossa cara que não, dessa forma não está dando certo, desse jeito não está dando certo, não existe só um jeito certo, existem formas que as coisas funcionam ou não funcionam. Todos podem estar errados e certos ao mesmo tempo. O ponto é: você prefere estar certo e forçar o mundo se adaptar à sua forma ou está aberto a aprender com os desafios?


Não adianta a gente brigar com a vida, ela simplesmente acontece como tem que acontecer. Não vai deixar de ser vida e nos desafiar, só porque achamos que merecemos um pouco de sossego.


Merecimento não é aleatório, não cai do céu.


Merecimento é conquista, independente se achamos certo ou errado. Quantas pessoas achamos que não merecem passar por tais sofrimentos e passam, e quantas achamos que deviam se lascar, mas vivem bem? Tirando a parte moral e ética, merecimento é apenas conquista.


Pessoas são felizes não porque a felicidade caiu no colo ou porque a vida para elas é mais fácil: elas simplesmente aprenderam a prevalecer os ganhos às perdas.


“Ah, mas fulano vive no bem bom, o mínimo que ele poderia é ser feliz!”


Falamos isso como se soubéssemos as dores de cada um, sendo que mal conhecemos as nossas!... Pessoas são leves não por qualquer força aleatória divina: elas aprenderam o suficiente, muito provavelmente com as duras lições da vida a não endurecerem diante das pancadas.


Reclamar ou agradecer não depende do que acontece para cada um.


Depende da nossa disponibilidade em colocar foco no problema ou na solução.


Somos infelizes apenas por uma questão foco, porque mesmo pessoas que podem não ter nada vivem satisfeitas e pessoas que podem ter tudo, vivem insatisfeitas.


Olhar para solução é diferente de fingir que não existem problemas.


A satisfação vem de um estado de aprender constante, que nos traz a humildade de saber que temos muito a aprender, mesmo também já tendo muito a ensinar. Quem ensina sempre aprende. Quem aprende sempre ensina.


Só seremos felizes quando soubermos que pessoas felizes também sofrem e choram, que pessoas felizes também erram e sentem culpa, que pessoas felizes não são mais sortudas que outras, mas são mais despertas e responsáveis por se fazerem felizes, independente das circunstâncias.


Ninguém é feliz ou satisfeito o tempo todo, mas é fato que quando colocamos mais atenção em coisas que nos abastecem, mesmo que não resolvam diretamente os problemas, com toda certeza teremos mais serenidade, mais equilíbrio e sabedoria para tomarmos melhores decisões. E mesmo que a gente tome decisões ruins (o que acontece), teremos nos arriscado, teremos nos dado a oportunidade de passar pelos desafios de forma mais madura.


Nossa saúde física, mental e emocional agradece! Já chega de usar a desculpa de “sou intenso” para continuar fazendo as coisas de forma totalmente descontrolada e irracional, né?


Intensidade é uma coisa.


Descontrole é outra.


Reclamar ou agradecer, então?


Depende de qual você quer experimentar mais! Você escolhe. E essa é a beleza da vida.


Tudo é escolha nossa.


Então se não gostamos dos resultados, precisamos melhorar as escolhas.


Não é o mundo que precisa mudar para nos sentirmos bem.


Nós que precisamos aprender a fazer para nós o bem que esperamos que o mundo nos faça e mesmo quando não temos controle do que acontece, podemos nos responsabilizar pela nossa parte, pela forma como lidamos com o que acontece.


Vai chover! Isso é fato.


Podemos tomar chuva xingando, brigando, reclamando, se escondendo, arrastando gente para se lascar ou se divertir com a gente, escorregar no asfalto, rolar na grama, mergulhar nas poças... Esse é o cardápio. Do que você tem se alimentado?


Nem sempre teremos mais (em quantidade) a agradecer do que reclamar.


Mas ainda assim, poderemos agradecer (em qualidade) pelo que temos.



Paula Castro

Quem eu sou?

Desde criança tenho o hábito apreciar a vida em todas as suas manifestações: sejam elas do ambiente (como as flores), sejam elas da natureza humana (uma lágrima, um olhar, o bater do coração). Interessada por muitos aspectos da vida, me formei em Administração de Empresas. Dediquei grande parte da minha carreira profissional aos trabalhos administrativos mais burocráticos, mas sempre dando um jeitinho de colocar um toque especial meu (leve e divertido), um algo a mais que eu sentisse que faria diferença pra mim e pro mundo. Aos poucos a vida me convidou a contribuir de formas ainda mais completas e generosas: lidando com temas mais profundos e desafiadores, que por um bom tempo eu preferi evitar. E foi aceitando os pequenos e grandes desafios de forma leve, que comecei a encarar o maior de todos os mistérios: o autoconhecimento com amor. É quando nos acolhemos de verdade que damos início a um lindo processo de cura. De si e, por consequência, dos outros. "Quem eu sou?" é a pergunta que continuo me fazendo o tempo todo... Agora me conta: quem você é?




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